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Vale a pena fazer um depósito a prazo é certamente uma questão que já colocou quando pensa em rentabilizar as suas poupanças. É certamente o produto financeiro mais conhecido e o mais utilizado, mas existem outros produtos financeiros que deverá considerar na altura de escolher onde aplicar as suas poupanças.

Valer a pena fazer ou não um depósito a prazo depende dos seus objetivos, do risco que esteja disposto a correr quanto ao capital investido, da necessidade em ter o capital disponível no momento em que precisar dele e sobretudo da rentabilidade que quer obter. Note que estas mesmas premissas se aplicam na escolha de qualquer outro produto financeiro.

Mas neste artigo vamos centra-nos nos depósitos a prazo e vamos por partes.

O que é um depósito a prazo

Um depósito a prazo é um produto de poupança, através do qual empresta o seu dinheiro ao banco por um determinado período (o prazo do depósito) recebendo uma remuneração pelo montante que depositar (juros). No final do prazo o banco restituir-lhe-á o valor depositado acrescido dos juros.

Tipos de depósitos a prazo

Existem dois tipos de depósitos a prazo, que diferem no tipo de remuneração e na sua complexidade: os depósitos simples e os estruturados. Estes últimos são mais complexos e por isso será abordados noutro artigo.

Os depósitos a praxo simples são os que podem ser constituídos por qualquer particular e são estes a que nos referimos quando falamos genericamente em depósitos a prazo. São por isso esses de iremos falar neste artigo.

As características dos depósitos a prazo

Ouvimos muitas vezes falar que os depósitos a prazo, são produtos de poupança sem risco. Mas tal não é inteiramente verdade, já que depende do risco que estamos a falar.

Num produto de poupança há quatro riscos que importa ter sempre em conta: risco de capital, risco de crédito, risco de remuneração e risco de liquidez. Ora vejamos:

O Risco de capital é nulo já que têm capital garantido

Ao dizermos que os depósitos a prazo têm risco nulo, ou seja, que são produtos sem risco, estamos a falar de risco de capital.

Na verdade, os depósitos a prazo têm capital garantido, ou seja, no final do prazo, o banco onde constitui o depósito a prazo tem de lhe devolver o valor total que depositou no mesmo. E se o depósito for mobilizável antecipadamente tem de lhe devolver na integra o capital que mobilizar.

E por isso podemos dizer que o risco de capital é nulo (mas atenção desde que não haja também risco de crédito).

Em depósitos até 100.000 euros num banco não existe risco de crédito

O valor que depositamos num banco está seguro até 100.000€. Isto porque os nossos depósitos estão protegidos pelo Fundo de Garantia de Depósitos.

O Fundo de Garantia de Depósitos (FGD) garante proteção aos montantes depositados (ou seja, em depósitos à ordem e a prazo) e aos juros devidos, até 100.000€ por instituição de crédito e por depositante em caso de insolvência da instituição financeira.

Isto quer dizer que mesmo com garantia de capital, no caso de ter uma conta bancária só em seu nome, se tiver 125.000€ depositado num banco que entre em insolvência só receberá 100.000€. Claro que se a conta tiver dois titulares, assume-se que metade pertença de cada um deles e por isso, em caso de insolvência, receberá o valor total do depósito a prazo acrescido dos juros.

É importante que saiba que o FGD só cobre depósitos constituídos em instituições financeiras com sede em Portugal. No caso de constituir o depósito numa instituição financeira com sede em Estado que seja membro da União Europeia, a proteção é dada pelo sistema de garantia do país da sede dessa instituição.

A remuneração depende da taxa de juro do depósito a prazo

Pelo valor que aplicar no depósito a prazo receberá juros (remuneração) em função da taxa de juro desse depósito. A taxa de juro pode ser fixa ou variável.

Nos depósitos à taxa fixa na altura em que contratar o depósito fica logo a saber qual a taxa de juro a que as suas poupanças serão remuneradas. Repare que mesmo sendo fixa a taxa pode não ser a mesma ao longo de todo o prazo do depósito. Existem depósitos, em que a taxa de juro aumenta ao longo do prazo do depósito, premiando a permanência do dinheiro no banco. Isto acontece nos depósitos de prazo mais longo (três anos ou mais) em qua taxa nos últimos anos é mais alta do que nos primeiros. Neste caso para saber a rentabilidade do depósito terá de calcular a rentabilidade média.

Já nos depósitos à taxa variável, a taxa de juro resulta da soma de um indexante (a Euribor) acrescida de uma percentagem. Como tal a remuneração do depósito depende da evolução do indexante pelo que não é conhecida na altura da contratação. Embora possa existir, este tipo de depósito, ao dia de hoje, deixou de ser comercializado pela generalidade dos bancos.

Os juros estão sujeitos a IRS

Este é um aspeto que tem de ter atenção. A taxa de juro divulgada é a Taxa Anual Nominal Bruta (TANB) ou seja não tem em conta o IRS que incide sobre os juros que obtiver.

De facto sobre os juros incide uma taxa de 28% no Continente e na Madeira, sendo que nos Açores a taxa e ed 19,6%..

Assim ao fazer conta aos juros que vai receber tenha em conta não a TANB, mas a TANL Taxa Anual Nominal Líquida na qual já está deduzida a taxa de imposto.

Se pensa que precisa do dinheiro antes do prazo tenha atenção ao risco de liquidez

O risco de liquidez está associado à necessidade que pode ter de precisar do valor depositado antes do final do prazo de depósito. Ou seja, de o mobilizar antecipadamente.

Se o depósito a prazo que constituiu não estiver prevista a possibilidade de fazer mobilização antecipada não poderá dispor do valor que aplicou antes do final do prazo. Neste caso está a assumir o risco de liquidez, ou seja o de não poder dispor dos fundos antes do vencimento do depósito. Por causa do risco de liquidez, os depósitos a prazo não mobilizáveis têm uma taxa de juro mais alta do que os mobilizáveis.

Nos depósitos a prazo mobilizáveis os bancos aplicam uma penalização sobre o capital mobilizado. Sobre o valor que mobilizar perderá, total ou parcialmente, os juros relativos ao período em que o valor mobilizado esteve depositado, ou seja, os juros corridos. Mas o capital será mobilizado sem qualquer penalização já que os depósitos a prazo não têm risco de capital.

Mas vale a pena fazer um depósito a prazo?

Conhecendo as características de um depósito a prazo se vale a pena ou não constitui-lo depende dos riscos que está disposto a correr.

Podemos dizer que quanto maior o risco que está disposto a correr maior será a remuneração que poderá obter pelas suas poupanças. Por exemplo ao investir em imobiliário terá certamente uma rentabilidade maior mas se precisar do dinheiro amanhã seguramente não vai conseguir dispor dele.

Atenção à remuneração dos depósitos a prazo

Partindo do principio que não quer assumir qualquer risco e por isso decidiu aplicar as suas poupanças em depósitos a prazo, tenha em atenção à taxa de juro.

Se esta for inferior à taxa de inflação continuará a perder dinheiro no final do prazo. Só se for pelo menos igual à inflação garante que, no final do prazo do depósito, o seu dinheiro mantem o mesmo valor em termos reais.

Em conclusão

Se vale ou não a pena fazer um depósito a prazo não tem uma resposta direta. Diríamos que entre ter o dinheiro numa conta à ordem ou num depósito a prazo mobilizável seguramente a resposta seria ter num depósito a prazo mobilizável.

Mas para a aplicar as poupanças, se aceitar a possibilidade de não dispor logo de imediato dos fundos pondere entre depósitos a prazo, certificados de aforro e certificados do tesouro. E se não pensa que só irá precisar a longo prazo analise a possibilidade de investir no imobiliário. Mas como dissemos desde o ínício a decisão é sua e depende dos objetivos que tiver para a sua vida financeira.

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