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Nos últimos meses não se tem falado de outra coisa que não a inflação. Os preços estão todos a subir, a começar nos combustíveis e a acabar nos produtos de supermercado. Neste artigo damos-lhe um contexto sobre o que é isto da inflação, porque é que está a acontecer e apresentamos algumas estratégias para combater e vencer a inflação.

O que é isto da inflação?

Em português corrente, inflação representa a subida dos preços. Em economês significa a subida generalizada e persistente do nível geral de preços de um cabaz representativo do consumo das famílias. Para o que importa, os preços estão a subir e isso impacta de forma significativa os orçamentos das famílias.

Porque é que temos inflação?

Os mais distraídos dirão que a inflação tem sido provocada pela guerra na Ucrânia. Não dizemos que a guerra não teve impactos, porque teve impactos importantes. No entanto, o tema da subida de preços já é visível no final de 2021. É verdade. Em Novembro já tínhamos taxas de inflação perto de 5% e ninguém falava sobre isso.

Temos inflação por alguns motivos:

  1. Os Bancos Centrais andaram a inundar as economias com estímulos, sendo os mais visíveis as taxas de juro negativas e os programas de compra de dívida dos países. Se imprimimos dinheiro, o dinheiro que existe perde valor, o que provoca a inflação;
  2. Os Governos inundaram as economias de estímulos económicos para contrariar os efeitos negativos da pandemia. Mais estímulos implicam um aumento da procura por produtos e serviços, o que origina subida de preços;
  3. As famílias acumularam um grande volume de poupanças durante a pandemia (não podíamos gastar dinheiro). Com o fim da pandemia voltaram os hábitos antigos e o aumento do consumo.
  4. Entrou a guerra na Ucrânia, o que exacerbou as pressões para subida de preços, fruto das sanções económicas e do corte de fornecimentos de combustíveis e de bens alimentares (se bem que o preço destas matérias-primas está abaixo ou perto dos níveis antes do início da Guerra).

A inflação veio para ficar?

A pergunta do milhão de euros. Torna-se difícil dar uma resposta. O que tem acontecido é que a Reserva Federal dos EUA (O Banco Central Americano) tem sido bastante agressivo no combate à inflação, trazendo um discurso muito agressivo com a tentativa de condicionar as expetativas económicas. Teve sucesso, pois levou a economia dos EUA à recessão. Na Europa, no Reino Unido e no Japão o problema é diferente e as respostas têm sido menos assertivas. Aliás, vemos discursos e medidas contraditórios e algum desnorte. Por exemplo, a Europa tem o problema das dívidas dos Estados (com destaque para a Itália), o que condiciona a resposta.

Contrariar a inflação implica subir juros e um discurso económico pessimista. Implica provocar recessão e contrariar a subida dos salários. E é importante contrariar a subida de salários porque esta subida implica alimentar a inflação, quando deveríamos estar a promover uma alteração de hábitos e mudança de comportamentos. Será que vamos conseguir ou será que a inflação será persistente durante mais tempo? Talvez tenhamos de nos habituar a uma inflação duradoura…

Ok… e agora o que podemos fazer?

A inflação veio para ficar. Como referido, é visível na subida do preço dos combustíveis (que provocarão a subida de preço de outros bens e serviços), na subida do preço dos imóveis (tanto nos créditos habitação como nas rendas) e na alimentação, entre outros. O que fazer?

  1. Assumir que temos de mudar, talvez o passo mais importante. Já ganhámos a consciência da subida de preços e da sua duração, pelo que teremos de assumir agora que temos de mudar de hábitos. Temos de assumir as rédeas. Temos de liderar a nossa vida financeira.
  2. Fazer um levantamento rigoroso de todos os gastos que temos e perceber quais os gastos essenciais e quais aqueles que podemos cortar. Sejamos rigorosos. Muitas vezes assumimos como essencial algo que não o é. Os que podemos cortar já cortemos. Os que podemos otimizar, teremos de o fazer. Já falaremos sobre isso.
  3. Olhar para as poupanças e perceber o expostos que estamos à subida de preços. Falar de poupanças nesta fase pode parecer pouco intuitivo mas não o é. Temos de saber o nível de segurança que temos para fazer face a despesas inesperadas. Assim, garanta que constitui rapidamente o seu “pé-de-meia” ou o seu fundo para emergências.
  4. Analisar os contratos de serviços que temos e ver o que pode ser otimizado. Em primeiro lugar, olhar para os créditos e perceber o que pode ser reduzido. Por exemplo, reduzir o spread do seu crédito habitação, consolidar os pequenos créditos num crédito maior ou mesmo fazer uma consolidação com hipoteca. Em segundo lugar, olhar para os seguros, em especial para o seguro de vida associado ao crédito habitação (sabia que o seu banco lhe cobra mais do dobro do que se contratar o seguro noutro lado?). No campo dos seguros, existem promoções e campanhas de venda cruzada que poderão representar poupanças expressivas. Em terceiro lugar, ver estratégias para cortar custos no supermercado, como sendo os cartões de descontos, as listas de compras, a realização do menu semanal para evitar desperdício alimentar, o downgrade do consumo para bens de “marca branca” ou outras estratégias.
  5. Analise formas de aumentar o seu rendimento mensal, caso seja necessário mais liquidez. Este tópico parece mais difícil mas alguma criatividade e dedicação poderão trazer mais rendimento ao seu agregado familiar, evitando outros sacrifícios e cortes.

O que concluir de tudo isto?

A conclusão é simples. Temos de assumir o controlo do nosso dinheiro e das nossas finanças pessoais. Não podemos contar com o Estado ou com as outras pessoas para tratar do nosso orçamento familiar, pelo que temos de agir o quanto antes para estarmos mais preparados, porque o que aí vem não será fácil.

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