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Neste artigo vou abordar mais uma vez a plataforma de investimentos Raize e dar a minha opinião sobre os últimos desenvolvimentos e daquelas que são as alterações que irei fazer à minha estratégia.

O que é a Raize?

A Raize é uma plataforma de investimento colaborativo portuguesa que permite o encontro entre investidores e empresários que precisam de crédito para os seus negócios. Na prática, um mercado que permite investir em empréstimos novos ou em empréstimos em curso, o chamado marcado de cessões.

De notar que a Raize é uma plataforma com grande aceitação e com uma base de investidores bastante vasta, sendo também regulada pela CMVM e pelo Banco de Portugal e cotada em bolsa, o que obriga a um grande escrutínio das suas contas e das suas atividades. Ao nível de credibilidade não há nada a apontar.

Porquê investir na Raize?

Iniciei os meus investimentos na Raize há bastante tempo, atraído pela novidade da plataforma e pela relação risco / retorno que percecionei na altura. Na prática, eram-nos prometidos retornos na ordem dos 6% a 7% ao ano, numa altura em que o incumprimento de contratos de crédito parecia ser reduzido.

Como já tive oportunidade de relatar noutro artigo, a evolução dos meus investimentos tem sido para uma venda progressiva da minha carteira. Simplesmente deixei de estar satisfeito com a retorno dos meus investimentos (se retirarmos o capital que não é investido por falta de empréstimos e os incumprimentos, o retorno torna-se muito baixo mesmo), sendo que também não fiquei nada confortável com a entrada da empresa em bolsa (pelo preço, pela informação disponibilizada no prospeto, pela venda da posição pelos seus atuais acionistas e pela pressão que previa na concessão de crédito).

Porque vou vender todos os meus investimentos?

Tendo ficado claro que deixei de ficar confortável com o retorno e com o risco dos investimentos, parece-me relevante reforçar dois desenvolvimentos que me deixam alerta:

Qualidade dos investimentos

A Raize promove empréstimos a empresas com taxas de juro elevadas. Numa altura em que os bancos estão desejosos de emprestar dinheiro a empresas rentáveis e a taxas muito próximas de 1% ao ano, é importante que pensemos qual o tipo de empresas que prefere pedir dinheiro emprestado através da Raize e pagar mais por isso. Facilmente percebemos que com alguma probabilidade não serão as empresas com maior solidez financeira.

É importante que tenhamos também em mente que atualmente existem linhas de crédito com garantia parcial do Estado, o que tem baixado o risco das operações para a banca e justificam o apetite da Banca a conceder estes créditos. Logo, percebemos também que para existir uma oferta de créditos para tantos investidores…

Introdução de comissões

Este ponto é crítico. A Raize surgiu como uma plataforma de investimento isenta de comissões e rapidamente inverteu esta tendência. Percebo os motivos, sendo que talvez o mais premente se prenda mesmo com a dificuldade de financiar novos projetos e ter a necessidade de procurar fontes alternativas de receita. Temos então um conjunto de comissões:

  • Comissão de Cedência de Empréstimos – Quando decidi vender alguns dos meus empréstimos fui confrontado com uma comissão, embora que reduzida, para vender cada um dos empréstimos (1% do montante cedido). Não estava à espera.
  • Comissão de Processamento de Juros – Apareceu agora uma comissão por cada prestação que recebo que será 10% ou 12% do montante total de juros que recebo no mês.

Ou seja, tenho de pagar pelos juros que recebo e se não estou satisfeito e quiser vender o empréstimo tenho de pagar pela venda. É legítimo, naturalmente que sim. É necessário, para repor rendimentos da plataforma.

Como está a minha carteira?

Como referido, tenho vindo a vender a minha carteira sempre que tenho paciência para isso. Na prática, tenho de vender cada empréstimo um a um, o que acaba por consumir algum tempo.

Tendo vindo a vender a minha carteira, tenho ainda 48 empréstimos em curso, a grande maioria porque não consigo vender os créditos, por dois motivos:

  1. Porque estão em incumprimento;
  2. Porque a comissão de venda de contratos em incumprimento é brutal (o que se justifica, porque a probabilidade de receber alguma coisa é pequena).

Conclusão

A plataforma Raize é a plataforma de investimento colaborativo mais conhecida em Portugal. É uma plataforma com muito mérito e credibilidade. Dito isto, as taxas de retorno não justificam o investimento. O nível de risco irá crescer com o tempo e os incumprimentos poderão continuar a aumentar.

Como todos os ativos, se tiver uma carteira de investimentos diversificada pode fazer sentido contentar-se com estes baixos níveis de retorno. Para mim simplesmente não faz qualquer sentido aplicar o dinheiro nesta plataforma, ainda para mais que agora tenho de pagar comissões. De notar, finalmente, que ganhei dinheiro com os meus investimentos na Raize, pelo que o balanço acabou por ser positivo.

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