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Muitas pessoas olham para trás e pensam como ter tido alguma educação financeira lhes teria facilitado a vida e evitado alguns dissabores, escorregadelas, multas ou diminuição de qualidade de vida.

Está sempre a tempo de buscar mais informação para si, mas se tem filhos (sobrinhos, afilhados, etc.) deve pensar que o dinheiro faz parte da vida como qualquer outra realidade e, por isso, quanto mais cedo os despertar para a sua boa gestão melhor.

É sabido o quão aborrecido pode ser um tema destes para um adolescente – no entanto é precisamente nesta fase da vida que se começam a criar bons hábitos e se começa a cultivar a responsabilidade e alguma independência da família.

Há vários estudos, alguns até de universidades portuguesas, que indicam que os alunos do terceiro ciclo e do secundário “não são capazes de gerir as suas finanças, não possuem hábitos de poupança, nem estão familiarizados com a linguagem financeira”.

É preciso inverter esta tendência também nos currículos escolares, mas não é segredo para ninguém que em casa está a maior fatia da educação.

Adquirir uma relação saudável com o dinheiro, aptidão para poupar e planear as suas despesas, tomar decisões e fazer escolhas financeiras, são, pois, objectivos base.

Dê o exemplo

Esta é uma verdade incontestada há muitas gerações e pelas mais diversas correntes da psicologia: os jovens aprendem muito mais com exemplos que vêm repetidos no dia a dia, do que com qualquer coisa que lhes seja dita. Não gaste apenas o seu latim: faça! Se os pais ou tutores forem os primeiros a mostrar preocupação com as finanças, fomentando em casa discussão sobre gestão financeira mensal, eles terão mais facilidade em interiorizar.

Estabeleça mesada/semanada e saiba dizer não

Uma mesada fixa – desde que não esteja a esticar a todos os momentos e por qualquer capricho – pode ajudar os jovens a estabelecer prioridades. O orçamento para levar para a escola, o dinheiro para as saídas com amigos ao fim-de-semana, as festas de aniversário ou os bilhetes para entretenimento (cinema, concertos, etc). Aprenderem que não podem ter tudo e devem escolher – por muito que a estrutura financeira da família seja forte – é o ideal para eles. Se o seu filho gastou a mais e quer ir a uma festa, comprar roupa ou outro extra, faça-o ver que não lhe vai dar mais dinheiro. Só assim aprende a abdicar de algumas coisas, para ter outras.

Proponha poupança para metas específicas

À parte da mesada, deve convencer o seu filho de que pode poupar uns euros em cada mês, e ir juntando o bolo a presentes pecuniários de aniversário e Natal e a algum trabalho que possa fazer. Investir em aprender um instrumento musical, aprender uma nova língua no país de origem, ter uma semana de férias com amigos ou fazer uma viagem maior, tipo Inter Rail, são ideias possíveis. Lembre-o de que 12 meses a poupar 8 euros por semana, dá cerca de 400 euros.

Só a falhar se aprende: falhar, falhar…falhar melhor!

Permita ao seu filho errar. Fazer erros faz parte da vida e esta é a altura em que os pode ainda cometer sem consequências de maior. Quando fizer opções de poupança erradas e gastar excessivamente, converse sobre isso, mas mostre que tem confiança na capacidade de ele fazer progressos. Os maiores empreendedores do mundo conseguiram coisas boas porque se permitiram falhar, mas persistiram sempre. Ensine-o a ser resiliente ao fracasso. E caso se tenha endividado com algum amigo ou colega, ainda que lhe empreste dinheiro para saldar a dívida, faça-o pagá-la até ao fim. Retire um pouco das mesadas seguintes ou garanta outra forma de pagamento. A responsabilidade não é negociável.

Incentive o trabalho nas férias

Para além de haver tarefas em casa que podem ser pagas à parte da mesada, é razoável, a partir dos 15/16 anos, poder fazer pequenos trabalhos que sejam remunerados. Seja passear os cães dos vizinhos, regar as plantas, tratar de um jardim, tomar conta de crianças, fazer inquéritos online, etc. Cada jovem terá as suas inclinações e apetências, mas serem incentivados a abdicar de parte do tempo livre para se esforçarem por um objectivo, é sempre boa ideia. E acrescenta-lhes em responsabilidade. Se no final dos primeiros trabalhos e poupanças vir empenho, caso tenha liquidez financeira, premeie esse esforço com um extra para acrescentar ao montante que o jovem conseguiu.

Vender o que já não usa

Organizar as chamadas vendas de garagem com amigos e vizinhos, vender em pequenas feiras locais ou vender online objectos que acumulou e de que já não precisa é sempre positivo – incentiva a ecologia, a reciclagem e a poupança.

Dar azo à criatividade e habilidades

Há quem tenha jeito para fazer artesanato, para bricolage, para informática, para animar grupos, para cantar e tocar, para desenhar, dar explicações aos mais novos, etc. Porque não encorajar o seu filho a fazer uso das suas apetências para que possa juntar algum dinheiro? Seja no entorno familiar/comunitário, seja no infinito universo online, ele irá seguramente ser capaz de vender algum pequeno serviço.

Jogos e Apps de controlo de gastos

Incentivar os mais novos a jogar jogos que os obrigam, de forma lúdica, a gerir dinheiro é adequado – e mais fácil sobretudo no início da adolescência. Por outro lado, numa altura em que temos ao dispôr “aplicações para tudo”, explorar apps de controlo de gastos é outra dica que será divertida e completamente intuitiva para eles.

Premiar boas notas com dinheiro é discutível

É um clássico para muitos encarregados de educação premiar no final do ano lectivo quem teve boas notas. Mas diz a psicologia que isso não é nada evidente. Por exemplo: há alunos cujo esforço é notório e não têm grandes resultados. Mas o seu esforço não é questionável. Genericamente considera-se que o aluno deverá conseguir obter ‘satisfação interior’ pelo trabalho bem feito, resultados e esforço e não estar simplesmente à espera de uma ‘satisfação exterior’ em forma de dinheiro ou presentes específicos.

Poupar para longo prazo e eventualidades

Deve conversar com o seu filho sobre a necessidade de termos sempre uma reserva para uma eventualidade e para uma fase da vida com maiores exigências – levando-o até a abrir uma conta com vantagens para o efeito. É importante a ideia de começar a poupar para tirar a carta de condução, para estudar, para um primeiro carro ou até para uma primeira casa. Cada caso é um caso, e nem sempre a poupança maior é viável – muitas vezes vive-se com dinheiro contado ao cêntimo. Mas precisamente por isso, é importante privilegiar trabalhos de férias e outras poupanças reais e possíveis. É importante que o seu filho perceba e sinta que o que é conseguido com esforço pessoal também lhe trará um prazer mais intenso e a referida – e fundamental – satisfação interior.

 

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