Em Portugal parece que são poucas as pessoas que não têm como propósito de vida ter a sua própria casa. E muitos querem ter casa o quanto antes pois consideram que pagar uma renda a um senhorio é “deitar dinheiro à rua”. Este pensamento pode ser perigoso porque nos leva a tomar decisões imprudentes que nos podem sair muito caras.
Será a propriedade de casa uma questão cultural?
Curiosamente, esta postura em relação à casa própria é diferente em vários países. Há povos que lidam muito bem com a realidade de viverem sempre em casa arrendada e que veem a compra de uma habitação como um investimento que talvez faça sentido numa altura avançada da vida. Não digo que os outros é que tenham razão e que no nosso país estejamos a pensar mal, até porque a realidade do mercado de arrendamento é muito diferente de país para país, mas digo que a ideia generalizada de que todas as pessoas têm de ter uma casa própria é errada. Para algumas realidades é muito mais lógico arrendar do que ser proprietário.
Um crédito habitação é um compromisso para a vida
Não deixa de ser caricato ouvir namorados de longa a data a dizer que não se casam porque não querem assumir um compromisso desses, mas os mesmos estão perfeitamente confortáveis com assumir a responsabilidade de um crédito habitação para uma casa em conjunto. Se somos os primeiros a reconhecer que a relação é frágil, fará sentido ficar comprometido com um crédito a 30 ou 40 anos com essa pessoa? Claro que tudo se resolve, mas o tema é como é que se resolve. Normalmente é com tensão e com desvalorização da casa porque estão numa situação crítica que os impele a vender.
Atenção aos custos da compra de casa
O momento da aquisição de um imóvel acarreta vários custos como é o caso dos impostos e dos registos notariais. Embora dependa de banco para banco, o valor de capitais próprios que tem de entregar também é uma despesa significativa com o qual terá de contar. Lembre-se que terá de contar com pelo menos 10% do valor de aquisição (exceção aos imóveis da banca). Se está a pensar comprar casa e não tem dinheiro para estas despesas, então não avance com a compra da casa, porque não terá acesso ao crédito.
Infelizmente, algumas pessoas caem na tentação de recorrer a crédito pessoal para ter dinheiro para estas despesas… esta opção pode ser fatal para conseguir cumprir com as suas responsabilidades! Um crédito pessoal tem taxas de juros muito mais elevadas do que um crédito habitação e pode ser o suficiente para ultrapassar os limites da taxa de esforço que necessita para o financiamento da casa. Para uma sociedade com níveis tão baixos de poupança é um desafio ter tanto dinheiro assim na altura da compra da casa. De forma a não ter desilusões, aconselho que antes de ir visitar imóveis para comprar primeiro faça contas à vida e verifique as condições em que teria um crédito habitação aprovado.