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A educação financeira não tem idade, pelo que o valor do dinheiro deve ser ensinado às crianças desde pequenas. É claro que o que ensinamos tem de estar adequado à idade da criança, mas o certo é que passo a passo vamos criando as bases para que seja mais tarde um adulto financeiramente responsável.

O papel dos pais e da escola

Na educação financeira das crianças os pais têm um papel fundamental, até porque são os modelos que tendem naturalmente a seguir. E por isso, se virem os pais poupar e perceberem porque o fazem mais facilmente no futuro adotarão comportamentos similares. Para educar financeiramente os seus filhos, o mais simples é ir mostrando com exemplos práticos todas as noções que lhes quer transmitir.

Mas lembre-se que alguns destes conceitos também irão ser abordados na escola, pelo que é importante existir coordenação entre o que está a ser transmitido às crianças e jovens em todas as idades. Como as escolas seguem os Cadernos de Educação Financeira do Ministério da Educação será simples saber o que os seus filhos irão aprender na sala de aula.

O que deve ensinar entre os 3 e os 5 anos

Nestas idades as crianças não têm noção de onde vem o dinheiro, pelo que será agora que lhes deverá explicar que o dinheiro não nasce das árvores, mas que vem do seu trabalho. É a primeira etapa da educação financeira das crianças.

Depois explique-lhes a importância de poupar e aqui os contos infantis podem dar uma ajuda. A fábula “A cigarra e a formiga” é um auxiliar precioso para ensinar o importância do dinheiro e da poupança. Mas existem outros contos que o podem ajudar.

Pode também começar a ensinar-lhe a conhecer as notas e moedas. Nesta idade brincar ao “faz de conta” com eles é uma forma simples de ensinar. Monte em casa uma “loja” em que eles são os clientes e têm de pagar o que quiserem comprar. Verá que gostam de ter de pagar o que comprarem e de receberem o troco. Use notas à venda nas lojas de brincar. É uma boa maneira de lhes ensinar o valor do dinheiro.

O que deve ensinar entre os 6 e os 9 anos (primeiro ciclo)

Nesta altura as crianças entram no 1º ciclo e começam a aprender a fazer contas. É a altura de fomentar a distinção entre o barato e o caro, o essencial e o supérfluo, a importância de gerir bem o seu dinheiro e também de poupar para terem aquele brinquedo ou jogo que querem mesmo ter. E será mais uma etapa de educação financeira das suas crianças e certamente será a que poderá dar mais frutos no futuro.

Lembre-se que nesta idade as crianças são muito recetivas a jogos e atividades com os pais. Aproveite esses momentos para lhe passar conceitos importantes:

  • O dinheiro vem do trabalho – peça-lhe ajuda nas tarefas domésticas, recompensando-o, dê-lhe por exemplo 0,50€ por fazer a cama e arrumar o quarto;
  • É importante ter hábitos de poupança – se o seu filho quiser aquele jogo que os amigos têm, será altura de lhe dizer que tem de juntar dinheiro para o comprar. Dê-lhe um mealheiro para colocar o que ganhou. O ideal será ser transparente para que possa ir vendo o que está a juntar. Também existem alguns mealheiros que fazem a contagem das moedas que lá vai colocando, e desta forma ficará a saber quanto já juntou. Mas claro, quando tiver esse dinheiro terá de ir comprar o tal jogo com ele.
  • Comparar preços – uma ida ao supermercado é sempre algo que gostam de fazer os pais. E no supermercado poderá ensinar conceitos importantes: por exemplo entre dois produtos qual é mais caro e qual é mais barato.
  • O essencial e o supérfluo – este é mais um conceito que pode ensinar no supermercado. Mostre-lhe o que é mais necessário em casa: um pacote de leite ou um pacote de batatas fritas.
  • O custo total das coisas – é mais uma lição que pode ensinar no supermercado. Leve uma lista do que têm de comprar e peça-lhe para escrever à frente o preço dos produtos que vão pondo no carrinho. No final peça-lhe para somar e depois compare com o que pagaram na caixa.

O que deve ensinar entre os 10 e os 12 anos (segundo ciclo)

Nestas idades os amigos começam a ter um papel importante na vida do seu filho e a pressão para não ser diferente deles e ter os que eles têm começa a ser grande.

Chegou então a hora de lhe dar uma mesada que têm de gerir, enquanto lhe reforça e aprofunda conceitos que já lhe transmitiu antes.

  • O essencial e o supérfluo – explique-lhe que não tem de ter só porque os outros têm. Mas se quiser muito ter o smartwatch que o amigo tem terá de juntar dinheiro;
  • Gerir o dinheiro – a mesada terá de chegar até receber outra. Se gastou tudo nos primeiros dias não lhe dê mais. Só assim aprenderá o valor do dinheiro e que não pode gastar mais do que o que têm. E se gastar tudo não poderá poupar para comprar o tal smartwatch;
  • Comparar preços tendo em atenção a quantidade – este é um conceito que já lhe ensinou antes, mas agora que na escola estará a aprender as percentagens e as quantidade, compare preços tendo em atenção a quantidade.
  • Fazer um orçamento pessoal – incentive-o a manter o registo do que recebeu no mês e do que gastou e onde. No final do mês olhe com ele para os gastos e incentive-o a analisar se foi necessário gastar ou se poderia ter poupado e assim mais rapidamente comprar o tal smartwatch

O que deve ensinar entre os 13 e os 15 anos (terceiro ciclo)

Nesta altura já terão maturidade para aprender outros conceitos.

  • Aplicação de poupanças – é altura de lhe falar de como poderá aplicar as suas poupanças. Ensine-lhe os conceitos de taxas de juro e produtos financeiros básicos como contas à ordem e a prazo. Explique-lhes o papel dos bancos.
  • Aumentar os seus rendimentos – a mesada continua a ser importante, assim como a sua gestão ao longo do mês. Mas claro, é altura em que já querem ir de vez em quando almoçar com os amigos num sítio barato, ou ir ao cinema e a mesada pode não chegar. Incentive-o a vender o que já não usa colocando-os à venda em sites de segunda mão.
  • Não comprar por impulso – ensine-lhes a regra das 72 horas.

O que deve ensinar depois dos 16 anos (secundário)

Nesta altura já terão maturidade para aprender novos conceitos mais complexos comos seguros, uso de canais digitais e alguns produtos financeiros mais complexos incluindo créditos bancários.

Dê-lhes o máximo de informação que puder, explique-lhe a diferença entre produtos com capital garantido e sem capital garantido. Associe a noção de risco à rentabilidade presumida do produto financeiro.

Lembre-se o seu filho está a atingir a idade adulta e irá brevemente gerir sozinho o seu dinheiro. E certamente com o que lhe ensinou será um adulto responsável.

Os Cadernos de Educação Financeira do site Todos Contam dão uma ajuda em todas as fases das crianças

No site Todos Contam pode encontrar 4 cadernos de educação financeira, divididos por nível de ensino, elaborados pelo Ministério da Educação em parceria o Banco de Portugal, Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e Instituto de Seguros de Portugal.

Cada caderno conta sobre forma lúdica um conjunto de situações vividas pelos seus protagonistas (na idade escolar correspondente) e que poderão ajudar as crianças e jovens a entender os conceitos que se pretendem transmitir, como por exemplo, a gestão do orçamento familiar, o recurso ao crédito, os meios de pagamento, o sistema financeiro, as aplicações de poupança e os deveres do consumidor

Embora destinados a professores são um precioso auxiliar para os pais. Encontram-se disponíveis para download gratuito no site da Direção Geral de Educação os 4 volumes desta série:

Caderno_1 – para alunos do 1º ciclo

Caderno_2 – para alunos do 2º ciclo

Caderno_3 – para alunos do 3º ciclo

Caderno_4 – para alunos do secundário

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