Parece cada vez mais difícil educar os nossos filhos. As solicitações são muitas e os desafios crescentes. Se a isto aliarmos a necessidade de os educarmos financeiramente, parece ainda mais difícil. No entanto, formar seres humanos mais responsáveis é um privilégio que devemos viver com responsabilidade, sentido de missão mas muita naturalidade. Educar não é fácil e exige que estejamos sempre a aprender e a ajustar os nossos comportamentos. Por vezes é ingrato mas é muito gratificante. E é urgente!
Dois perigos sempre presentes
Quando educamos os nossos filhos no tema do dinheiro temos imediatamente dois perigos a que devemos estar sempre atentos:
- Pressão social – A pressão social é comprovadamente uma das grandes condicionantes das nossas decisões, independentemente das idades. Com os seus filhos não será diferente. Existe uma pressão constante para o consumo por comparação, utilizando-se argumentos como “os meus amigos todos têm” ou “sou o único que não tenho isto”. Aqui torna-se fundamental o diálogo e a explicação dos motivos pelos quais os pais tomam determinadas decisões, bem como explicar o valor que as coisas têm e o que é preciso fazer para as conquistar.
- Marketing Agressivo – É sabido o impacto que o marketing tem nas nossas decisões de consumo. Criam-se necessidades e ficamos cada vez mais dependentes não tanto dos bens materiais mas mais das sensações e do estilo de vida que nos são impostos. Vivemos claramente numa sociedade focada no prazer e acabamos por ser levados a gastar na esperança de ter sensações e viver vidas que não são as nossas. Neste ponto sugerimos sempre que se limite e controle o acesso dos filhos aos canais televisivos que cada vez mais ocupam os tempos de antena com publicidade.
Para que serve o dinheiro?
Uma pergunta que pode ter muitas respostas. Serve para gastar. Serve para satisfazer as nossas necessidades. Permite realizar sonhos. Mais motivos existiriam, mas a resposta unificante é que é um meio para atingirmos objetivos. Infelizmente, vivemos muitas vezes como sendo o nosso objetivo. Vivemos achando que o sonho é acumular dinheiro e esquecemo-nos da responsabilidade que temos.
Quando falamos de dinheiro aos nossos filhos temos inevitavelmente de lhes explicar como o conseguimos (e aqui aproveitar para explicar porque é importante trabalhar e estudar) e para que serve. De pouco vale que pensem que as caixas multibanco nos dão dinheiro ou que pensem que podemos comprar tudo o que eles querem (mesmo que possamos, não é educativo fazê-lo).
Um critério pode fazer toda a diferença
Tendemos a tomar muitas decisões sob o critério “qual o mal?”. De facto, muitas das nossas decisões não têm um mal em si. Não nos causam mal pelo que não há qualquer problema em tomar essas decisões. É um facto. Mas e se o critério for outro. Se o critério for procurar os motivos reais para tomarmos as decisões. Se o motivo for “qual o bem?” Experimente e perceberá que muitas decisões que não fazem mal aos nossos filhos também não contribuem para o seu bem. E se não contribuem para o bem porque é que as tomamos?
Dicas úteis:
- Dizer que não – é difícil dizer não aos nossos filhos mas é urgente que o façamos com mais regularidade, explicando-lhes os motivos das nossas decisões.
- Critério no momento de dar presentes – Ganhamos muito se conseguimos que os nossos filhos percebam o valor das coisas. Que percebam também que os presentes servem para festejar e não para banalizar.
- Falar sobre dinheiro – É um tema tabu em muitas famílias, mas falar sobre dinheiro ajuda a que todos estejamos alinhados nas decisões da família.
- Não compre o seu filho – Muitas vezes damos dinheiro ou presentes para “comprar” os nossos filhos. Para os compensar por termos pouco tempo ou pouca disponibilidade. Devemos parar para pensar o que valorizamos mais e perceberemos rapidamente que não são os bens materiais.
- Utilize os mealheiros
- Não pague aos seus filhos por aquilo que são as suas obrigações – Obrigações como estudar ou ajudar a arrumar a casa ou por e levantar a mesa fazem parte dos vários membros da família. Não faz qualquer sentido pagar por isso ou utilizar as mesadas como arma de arremesso.
Quer mais dicas e ideias?
A pensar em todos os pais e nos desafios que nós próprios atravessamos enquanto pais, escrevemos e oferecemos gratuitamente o nosso mais recente livro “Como ensinar o meu filho a poupar”. É um livro escrito por pais de 6 filhos e que dedicam as suas vidas a educar os seus filhos e a ajudar as famílias a resolver problemas financeiros e a poupar dinheiro no dia-a-dia. Neste livro deixamos pistas para reflexão, partilhamos algumas estratégias que utilizamos mas queremos mesmo contribuir para o debate em torno deste tema.