Uma das expressões que mais me preocupa e, infelizmente, tenho ouvido várias vezes, é: “quando não tenho dinheiro recorro ao cartão de crédito”! Esta frase revela um profundo desconhecimento do que é um cartão de crédito.
Mas pior que o desconhecimento são as consequências que podem advir desta afirmação. Já aqui disse algumas vezes que o crédito não é mau e, inclusivamente, o cartão de crédito pode ser uma forma muito inteligente de gerir as nossas finanças. Contudo, o potencial problema é o facto de o cartão de crédito ser um crédito pessoal que trazemos connosco e que já está aprovado, sendo que só depende de nós a decisão de quando recorremos a ele.
Temos de perceber para que serve um empréstimo
Ora, se o nosso critério é recorrer ao cartão quando estamos com dificuldades, então estamos a desvirtuar o conceito do recurso a um empréstimo. Se alguém está com dificuldades financeiras não deveria incorrer em mais um gasto. Deveria era reduzir os gastos.
Ao recorremos à utilização do cartão de crédito na modalidade que inclui juros, então o que estamos a fazer é uma compra de dinheiro e isso é mais dispendioso. Regra geral, as maiores dores de cabeça com o pagamento de prestações estão associadas às mensalidades dos cartões de crédito. Pagamos prestações com taxas de juro tão elevadas que, em cada pagamento, diminuímos muito pouco ao capital em dívida.
Perceba qual o peso de juros na sua prestação
Felizmente, hoje em dia os extratos dos cartões já aparecem com mais detalhe referente a tudo o que compõe uma prestação, mas mesmo assim focamo-nos apenas no valor da prestação sem fazer contas à vida se conseguimos suportar essa prestação ao longo de vários meses ou anos. A decisão de contrair uma dívida não pode resultar de um impulso, mesmo que os bancos comuniquem que tudo é facilitismos! Ser fácil nem sempre é o melhor caminho.
O que fazer se já foi apanhado na teia?
Se foi apanhado na teia do cartão de crédito e se se quer livrar do crédito, existem algumas soluções ao seu dispor. Poderá recorrer a soluções de crédito consolidado, de renegociação de créditos ou mesmo fazer um crédito habitação com incremento de capital para liquidar as suas responsabilidades de curto prazo. No entanto, considere sempre que estas soluções devem ser usadas com responsabilidade pois, quando mal usadas, irão implicar um pagamento de juros bastante superior ao acordado.