A aplicação de dinheiro que temos intenção de poupar é uma estrada longa e sinuosa. Se não tivermos familiaridade com esta ideia da poupança, facilmente nos distraímos e perdemos o foco.
Saber como hierarquizar os objectivos de poupança consoante a fase da vida é uma prioridade em si, por forma a não cairmos no desânimo.
Dependendo da idade, de ter ou não dependentes e da perspectiva de progressão profissional, há várias opções consoante as possibilidades reais e a vontade de assegurar um futuro mais estável.
Se a sua situação financeira lhe permitir investir com pouco dinheiro, deve apostar. Pode obter retorno com poucos euros e ver as suas poupanças aumentarem. Investir não significa apenas aplicar uma grande quantidade de dinheiro numa ideia de negócio ou ser um investidor diário do mercado bolsista.
Poupar para um fundo de emergência
Apesar de ser a ideia mais básica das bases da poupança, entre nós a literacia financeira ainda não é um dado adquirido. Se, por exemplo, em contexto familiar (e até escolar) não nos habituaram a lidar com o dinheiro desta forma, ganhar este hábito não é evidente para todos – é verdade que não nascemos ensinados. No entanto, quando vivemos com os euros contados à pele, muitos de nós já passaram por situações pouco simpáticas. Há algumas que se tornam absolutamente aflitivas. Uma avaria em electrodomésticos essenciais, no carro (caso dependa mesmo dele) ou, pior, uma emergência de saúde ou um filho a precisar de um investimento extra na sua educação…há mil e uma coisas que podem acontecer. Este fundo de emergência pessoal deve existir sempre que possível e cobrir, no mínimo, 3 meses de todas as despesas fixas mensais. É a base de tudo. Se ainda não conseguiu fazê-lo pode experimentar, por exemplo, fazer umas férias ou uma época de natal mais frugal…e começar a investir nisso. É um princípio.
Poupar para a reforma
Esta é o segundo objectivo essencial para os dias que correm, até porque sabemos que o sistema de Segurança Social tem problemas sérios na sua sustentabilidade, com o aumento da esperança média de vida, o envelhecimento da população e a baixa taxa de natalidade no país. No futuro as reformas base tendem a emagrecer e a sua saúde tende a precisar de mais cuidados. Já para não falar na dependência que podemos criar da nossa família. No caso dos Planos de Poupança Reforma (PPR), o mercado oferece várias opções que é preciso averiguar bem. É preciso ter atenção para, por exemplo, evitar pagar comissões de subscrição. O ano passado até mesmo a União Europeia lançou um produto específico para este efeito.
Poupar para objectivos de curto prazo
Este já é um objectivo mais apetecível porque mais virado para o desfrutar da vida, de que também precisamos, e está ali já ao virar da esquina. Podemos poupar para uma viagem que sempre quisemos fazer, para um curso de algo que nos interessa muito, para comprar alguns objectos que valorizamos realmente, para aprender uma língua ou um instrumento musical, para investir num desporto especial ou hobby, para obras em casa ou até para uns meses de licença que pretendemos pedir no trabalho.
Poupar para ganhar dinheiro
Este é um objectivo mais ambicioso, mas muito útil para quem consegue atingi-lo. De facto, investir na bolsa e em produtos financeiros que comportem algum risco pode trazer vantagens, independentemente da pouca confiança que a banca gerou nos consumidores nos últimos anos. Depósitos a prazo (com taxas mais ou menos apelativas), acções, obrigações, imobiliário, startups, fundos específicos, fundos mútuos, etc. É avisado estudar bem o mercado e os produtos que melhor se adequam ao seu caso – sem correr riscos demasiado radicais. Deve pensar em consolidar créditos, e se conseguir gerar dinheiro desta forma pode até pensar em amortizar créditos que tenha ou em criar património. Uma boa opção é investir numa segunda casa, por exemplo, para ter arrendada e obter um rendimento estável que lhe pague o investimento e de onde ainda consiga retirar uma pequena parte para melhorar a sua qualidade de vida.