No episódio “Educar crianças para literacia financeira”, João Morais Barbosa falou sobre como ensinar o valor do dinheiro aos mais novos. Em que idade se deve começar a falar de dinheiro? Quais as melhores dicas para os ensinar a poupar e a investir?
Ficam aqui alguns das ideias do programa 9 do T4+1 | Conversas em Família.
O que é a Educação Financeira
A Educação Financeira é muito mais do que ensinar uma criança para que é que serve o dinheiro ou como deve gastá-lo. Em primeiro lugar, o importante é ajudá-la a valorizar-se e a aperceber-se das coisas boas que a rodeiam. Ter essa consciência vai levar a criança a tomar boas decisões na vida e, consequentemente, a fazer uma boa gestão do dinheiro e das suas finanças.
Possuir dinheiro transmite uma sensação de poder. Mas, é preciso incutir critério na compra. Quando a criança quer adquirir algum produto é preciso parar e levá-las à reflexão do valor das coisas: porque é que queres isso e para quê? Qual é o bem que te traz esse produto?
Conceitos fundamentais
- A importância de gostarmos de nós próprios
Isso dará a solidez necessária para tomarmos boas decisões não só enquanto crianças, mas também na juventude e na vida adulta.
- Valorizar os bens materiais
As crianças devem saber cuidar dos brinquedos, roupas ou outros objetos que possuam. Este é um conceito que demora algum tempo a ser assimilado, mas é fundamental para adquirirem as noções de custo e valor.
- O dinheiro não é do pai ou da mãe, é da família
É preciso que a criança perceba que existe um orçamento familiar e que por vezes é preciso cortar ou ajustar despesas. Isso dá-lhes consciência do que se passa à sua volta e será importante para o seu crescimento.
Pressão social e marketing agressivo
- Controlar o tempo que as crianças estão diante de ecrãs
Passar horas a fio no telemóvel ou televisão significa uma enorme exposição a imensa informação e estratégias de marketing que podem influenciar negativamente a visão das crianças sobre aquilo que é o valor e consumo.
- Falar muito com as crianças
É muito natural existir a pressão para comprar algo ou a comparação com o que os outros têm. Por isso, é preciso dedicar tempo a explicar bem os motivos ou as consequências de cada decisão.
- Ter a capacidade de não ceder
Os pais devem ter consciência de quando podem ceder. A prioridade passa sempre por explicar e evitar o “porque sim” ou o “porque não”.
A ideia de investimento
Por volta dos 13 ou 14 anos, pode ser interessante retirar o dinheiro do mealheiro e criar uma conta bancária. Explicar que o dinheiro vai ficar a render na conta e que passado um ano existirá mais dinheiro do que antes pode ajudar a ganhar consciência do valor temporal do dinheiro e a noção de retorno financeiro.
Erros comuns
- “Eu quero dar ao meu filho aquilo que eu nunca tive”
Pode levar-nos a tomar más decisões. Tem um lado meritório, contudo é preciso dar às crianças algo mais do que bens materiais. A melhoria de qualidade de vida assume-se como algo importante, mas não pode ser o único critério.
- Ceder naquilo que é prioritário
Acontece as pessoas perderam a noção do que é o mais importante para a família. Saber com rigor onde devemos gastar o dinheiro em primeiro lugar e deixar para segundo plano o que não é tão importante, é um exercício fundamental.
Dinâmicas ou jogos
A partir de certa idade, podemos levar os nossos filhos ao supermercado. Envolvê-los no processo de decisão das compras ou a escolher o produto mais barato pode ser um jogo interessante. Ou, para quem gosta de viajar, pode ser desafiante colocar as crianças a definir o que querem fazer de acordo com o orçamento possível. Incutir algumas práticas para que os mais novos percebam que existe uma restrição orçamental.
Ouça a versão completa deste episódio no Spotify ou no Apple Podcasts, em T4+1, o podcast de conversas em família, apresentado por Teresa Pape.