Os depósitos a prazo são um dos produtos preferidos dos portugueses para aplicar as suas poupanças. Neste guia vamos explicar todos os detalhes para que consiga tirar melhor partido dos depósitos a prazo e rentabilizar as suas poupanças com segurança e tranquilidade.
- O que são depósitos a prazo?
- Tipos de depósitos a prazo
- Os depósitos a prazo têm risco?
- Por que investir em depósitos a prazo?
- Como escolher um depósito a prazo?
- Como ter mais juro no depósito a prazo?
- Riscos e cuidados a ter ao investir em depósitos a prazo
- Qual a fiscalidade dos depósitos a prazo?
- Quais as alternativas aos depósitos a prazo?
O que são depósitos a prazo?
Como referido, os depósitos a prazo são um dos produtos de poupança preferidos dos portugueses, embora muitas pessoas não conheçam ao certo o que são e como funcionem. Aliás, nas nossas formações de finanças pessoais perguntamos o que são depósitos a prazo e a maioria das pessoas não percebe que é uma das formas de nos tornarmos o banco do nosso banco.
Um depósito a prazo é um contrato de financiamento que une o Banco a um cliente aforrador, seja ele uma pessoa ou uma empresa. Neste contrato, são definidas as regras de funcionamento e os direitos e deveres das partes, nomeadamente:
- Menção Depósito a Prazo, devendo garantir que o documento refere que está a fazer um depósito a prazo, de modo a evitar tornar-se o lesado de um qualquer banco;
- Montante do depósito, existindo um mínimo de constituição que costuma rondar os 500€ (em depósitos de entregas programadas, o mínimo tende a ser mais baixo mas com o compromisso de entregas durantes vários meses);
- Prazo do depósito, que define a data em que o dinheiro é devolvido ao seu dono;
- Condições de mobilização e tipo de taxa de juro;
- Taxa de juro contratada, que como veremos depende do montante, do prazo e do Banco.
Tipos de depósitos a prazo
Os depósitos a prazo não são todos iguais antes, tendem a variar com base na taxa de juro, na possibilidade de mobilização (possível ou não e com ou sem penalização de juros) e na forma de pagamento do juro (no início ou no fim do contrato).
Depósitos simples
Os depósitos a prazo simples são os mais comuns. Nestes, existe um pagamento de um juro fixo ao longo do contrato, sendo na maturidade entregue o montante investido, acrescido do juro líquido de impostos.
Depósitos estruturados
Os depósitos estruturados são produtos que têm capital garantido, sendo o juro dependente, total ou parcialmente, da evolução de um produto financeiro com risco. Na prática, quando aplica dinheiro em depósitos estruturados não sabe qual o retorno que terá, pois esta depende, por exemplo, do preço de uma ou mais ações, da evolução de índices de ações, de cotações de taxas de câmbio, entre outros.
Para contratar depósitos estruturados, sugerimos que analise um conjunto de características fundamentais:
- Como é determinada a taxa de juro, procurando perceber se existe uma taxa de retorno mínima;
- Qual o risco que corre ao investir nestes produtos;
- Quais os custos associados.
Os depósitos estruturados podem fazer sentido na sua carteira de poupança e de investimento mas deve trata-los como algo diferente dos depósitos tradicionais, visto que não tendo risco de capital, têm risco de taxa de retorno, podendo aplicar dinheiro sem ganhar nada com isso.
Os depósitos a prazo têm risco?
Uma das características que torna estas aplicações tão populares numa população avessa ao risco é a sua ausência de risco (pelo menos em teoria). De facto, ao contratar um depósito (seja a prazo ou à ordem), está a emprestar dinheiro ao banco. Assim, o risco que corre é a possibilidade de o banco não lhe devolver o dinheiro, o que acontece em caso de insolvência. No entanto, para garantir que os depositantes têm confiança em colocar o dinheiro no banco (e não debaixo do colchão), foi criado um fundo de garantia de depósitos.
O Fundo de Garantia de Depósitos é uma garantia tácita de que, em caso de falência do banco, o dinheiro dos depositantes é devolvido, com alguns limites:
- Até 100.000€;
- Por banco;
- Por número de contribuinte.
Saiba que nos casos dos problemas bancários que vivemos há vários anos, o fundo de garantia não foi acionado, porque os produtos contratados não eram depósitos. Por outro lado, em caso de falência de um banco importante, o fundo de garantia não tem capacidade financeira para honrar os compromissos.
Por que investir em depósitos a prazo?
Os depósitos a prazo são uma solução segura e previsível para aplicar as suas poupanças e dispõem de um conjunto de vantagens e características que deve conhecer. Podemos destacar alguns motivos para constituir um depósito:
- Constituir o seu fundo de emergências, que deve ser aplicado em soluções sem risco e com mobilização imediata, mesmo que com perda de parte ou da totalidade do juro corrido;
- Criar hábitos de poupança, sendo uma forma muito boa para perceber como funcionam os produtos de poupança e a tributação que lhes está associada;
- Evitar gastos de dinheiro, já que podemos ter uma entrega automática que nos reduz o rendimento disponível para gastar todos os meses;
- Conferir estabilidade a uma carteira de investimento, servindo como uma reserva de capital para aproveitar oportunidades de investimento que surjam, por exemplo, com uma queda repentina do mercado.
Como escolher um depósito a prazo?
Sendo produtos muito semelhantes entre si, não significa que sejam iguais em todos os bancos. Assim, sugerimos que tenha atenção a 3 fatores:
- Credibilidade da instituição financeira, devendo escolher bancos sólidos e confiáveis. Por exemplo, se tiver um banco a oferecer uma taxa de juro muito superior aos restantes, tenha cautela;
- Prazo do depósito, que deve ser enquadrado com o momento em que irá precisar do dinheiro, evitando ter de mobilizar o capital antecipadamente com penalização de juros;
- Taxa de juro, que pode negociar com o banco, mas que depende da credibilidade do banco e do prazo contratado.
Como ter mais juro no depósito a prazo?
Os bancos dão diferentes taxas de juro para diferentes clientes, sendo que estas taxas variam também da altura do ano em que são contratados. Assim, algumas dicas que podem ser úteis para ter mais juros no seu depósito:
- As taxas de juro costumam ser maiores para prazos mais longos, embora nem sempre seja verdade. Desde modo, pode contratar vários depósitos com prazos diferentes para tentar captar diferentes taxas;
- As taxas de juro costumam ser maiores no final do ano. De facto, os bancos não querem perder depósitos no final do ano, pois pode comprometer o seu fecho de contas. Assim, é comum ter taxas maiores nos últimos meses do ano, algo que pode aproveitar;
- É possível negociar as taxas de juro com o seu gestor de conta. Logo, se tiver mais capital e disponibilidade, fale com o seu gestor e peça uma taxa maior do que a apresentada no site do banco;
- Os depósitos das crianças tendem a ter taxas mais baixas do que os depósitos dos adultos, isto porque quando fazemos depósitos para os nossos filhos normalmente não olhamos para a taxa mas antes para a conveniência.
Riscos e cuidados a ter ao investir em depósitos a prazo
Quem aplica o seu dinheiro em depósitos a prazo deve ter em atenção algumas cautelas, nomeadamente o impacto da inflação, as penalizações por mobilização antecipada e o risco de insolvência do banco.
Impacto da inflação na rentabilidade
O tema da inflação é muito relevante para quem poupa. De facto, não é equivalente ter uma taxa de juro de 3% quando a taxa de inflação é de 1% ou quando é de 6%. No primeiro cenário, existe um retorno real de 2% e no segundo existe uma perda de 3%. Em ambos, por cada 100€ investidos recebemos 3€ no final de 12 meses. No entanto, a inflação tira-nos poder de compra, podendo mesmo implicar uma perda de poder de compra, como no segundo caso. Logo, em cenários de elevada inflação, devemos procurar investir com risco de modo a, pelo menos, acompanhar a inflação.
Penalizações por mobilização antecipada
A maioria dos depósitos a prazo tem penalização de juros por mobilização antecipada. Assim, deve analisar com cuidado as características do depósito para saber com o que pode contar. Por norma, se resgatar o capital antes do fim do prazo irá perder todos os juros corridos. Logo, tenha muita cautela e associe o prazo ao momento em que irá precisar do seu capital. Em caso de dúvida, divida o dinheiro em vários depósitos.
Qual a fiscalidade dos depósitos a prazo?
O rendimento dos depósitos a prazo tem associada uma tributação, como qualquer rendimento em Portugal. Assim, conte com dois tipos de tributação:
- Taxa liberatória – Neste caso, há lugar à retenção na fonte de 28% do juro recebido, não sendo necessário declarar o rendimento na sua declaração de IRS;
- Taxa englobada – Podemos englobar o rendimento no nosso IRS, sendo a taxa de imposto a taxa do total do rendimento, podendo ter uma devolução do imposto retido na fonte. Por norma, esta alternativa não é interessante.
Quais as alternativas aos depósitos a prazo?
Com alguma probabilidade, existem alternativas mais interessantes para quem quer aplicar o seu dinheiro. Infelizmente, tendemos a procurar apenas soluções com capital garantido, e nestes casos temos três alternativas:
- Seguros de capitalização, soluções com capital e taxa de juro garantida e com um enquadramento fiscal muito mais interessante do que os depósitos a prazo, especialmente para prazos de poupança mais alargados;
- Certificados de aforro, soluções de poupança do Estado que têm taxas de juro interessantes, não têm risco e permitem o investimento com baixos montantes (o mínimo são 100€);
- PPR, existindo alguns também com capital e taxa de juro garantida, sendo o imposto sobre os lucros muito mais baixo do que outras alternativas.
Os depósitos a prazo podem ser uma solução interessante para aplicar o seu dinheiro sem risco e com bons níveis de liquidez. Podem também ser uma forma boa de parquear o seu dinheiro esperando boas oportunidades de investimento que surjam com a queda do mercado. Em ambos os casos, é fundamental que seja criterioso na escolha do banco e que negoceie as taxas de juro para garantir que maximiza o seu retorno.