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Uma das principais recomendações no mundo das finanças pessoais é fazer um orçamento familiar. Neste artigo vamos apresentar-lhe um guia prático para ajudar a construir um orçamento familiar que realmente funcione. Não se preocupe que não vamos dizer para cortar todas as despesas!

Índice:

  1. O que é um orçamento familiar?
  2. Porquê fazer um orçamento familiar?
  3. Como fazer um orçamento familiar?
  4. Qual o lugar da poupança no orçamento?
  5. Como otimizar o orçamento familiar?
  6. Questões práticas

O que é um orçamento familiar?

Antes de avançarmos é fundamental que nos detenhamos um pouco naquilo que consideramos ser um orçamento familiar. Existem confusões que afastam as pessoas de fazer um orçamento e esperamos conseguir desmistificar.

Um orçamento familiar é um plano financeiro. Fácil. Através desta ferramenta, que veremos abaixo como se constrói de forma simples, conseguimos ganhar o controlo sobre o destino que damos ao nosso dinheiro. Por outras palavras, planeamos as nossas despesas para retirar o máximo partido do nosso dinheiro. Assim, devemos considerá-lo um aliado que nos ajudará a vencer as tentações do consumo (que existem sempre) e a atingir os nossos objetivos. Portanto, uma ferramenta de liberdade financeira!

Porquê fazer um orçamento familiar?

Para termos o “trabalho” de fazer um orçamento familiar temos de ter a motivação correta. E a motivação consegue-se ao sabermos porque fazer um orçamento familiar. Destacamos algumas ideias:

Tomar consciência da nossa situação atual

Ao construir um orçamento irá perceber quanto ganha, quanto gasta e onde gasta o seu dinheiro. Com alguma probabilidade, vai concluir que gasta em despesas que não são prioritárias e que tem espaço para gastar mais noutro tipo de despesas.

Identificar padrões de consumo

Parece que o dinheiro desaparece da nossa conta bancária e não sabemos onde é que ele para. Como o dinheiro não tem propriedades mágicas e como somos nós que o comandamos, ao fazer um orçamento familiar consegue identificar os principais padrões de consumo. Saberá onde gasta o seu dinheiro, as principais rúbricas, as alturas mais críticas do mês, entre outros.

Definir e atingir objetivos

A definição de objetivos de poupança é uma das grandes valias do orçamento familiar. Ao planearmos as nossas despesas podemos definir “pagamentos a nós próprios”. Por outras palavras, definimos objetivos concretos de poupança e, através da implementação do orçamento definido, caminhamos para os atingir. Quaisquer que sejam os objetivos, se definimos planos vamos delinear estratégias para os atingir. E vamos atingi-los!

Identificar fontes de desperdício

Pode não ser necessário fazer um orçamento familiar para perceber que temos muitas fontes de desperdício. No entanto, identificar despesas vai ser um mote importante para ganharmos uma consciência objetiva de que algumas despesas não fazem sentido. Outras podem fazer sentido, o ponto não é esse. O ponto é que ganhar consciência dos nossos hábitos vai-nos forçar a mudá-los. A cortar com desperdícios e despesas desnecessárias. E vai ver que é muito gratificante.

Planear os meses seguintes

Com alguma probabilidade, o primeiro orçamento que fazemos consistirá na identificação das despesas, que nos traz alguns dos benefícios que já abordámos acima. No entanto, o orçamento é realmente vantajoso para planear as despesas dos meses seguintes. Quem sabe conseguiremos evitar cair em endividamento ou destinar parte do dinheiro para uma escapadinha em família.

Como fazer um orçamento familiar?

Fazer um orçamento familiar não é complexo. Para o ajudar, sugerimos alguns passos simples que poderão dar algum trabalho no início, mas com resultados comprovados.

Identificar as receitas

O primeiro passo consiste em identificar as receitas da família, procurando determinar quais são os rendimentos garantidos e quais os rendimentos não garantidos (ou variáveis). Esta distinção é fundamental pois é com base no rendimento fixo (e eventualmente com parte do rendimento variável) que iremos planear as despesas. Sugerimos, ainda, que identifique o rendimento dos vários membros do agregado familiar que contribuem para as despesas (aqui teremos uma oportunidade única de falar sobre dinheiro em casal, o que evitará muitas chatices para o futuro) e que se foque no rendimento líquido de impostos.

Identificar despesas

Alguns consultores falam-nos das despesas fixas e das despesas variáveis. No entanto, preferimos distinguir outros dois tipos de despesas:

  1. Despesas essenciais – Tipicamente denominadas de despesas fixas, as despesas essenciais são aquelas rúbricas que consideramos fundamentais para a nossa qualidade de vida. Se repararmos, a maioria das famílias tem um conjunto de despesas essenciais, nomeadamente habitação, alimentação, vestuário, saúde, transporte e algumas utilities como água, luz, gás ou telecomunicações.
  2. Despesas não essenciais – As despesas não essenciais são despesas tão legítimas como todas as outras, mas são aquelas despesas que podemos eliminar (umas mais rapidamente do que outras) para dar espaço para as despesas essenciais. Por exemplo, idas ao ginásio ou refeições fora de casa dão um colorido às nossas vidas mas podem ser cortadas (ou não) para libertar espaço para pagar o crédito habitação ou os medicamentos.

Situação líquida

A situação líquida é a diferença entre o rendimento e as despesas. Se o valor é positivo, estamos em situação favorável e se é negativo iremos ter de cortar em algum lado para evitar o endividamento ou a redução das poupanças. Simples?

Qual o lugar da poupança no orçamento?

A poupança tem um lugar central na construção de um orçamento familiar, na medida em que tem lugar central também nas vidas das pessoas. Não defendemos isto por dar demasiada importância à poupança ou ao dinheiro nem por acharmos que devemos cortar todas as despesas para conseguir poupar dinheiro. Defendemos isto sim por considerarmos que temos de assumir uma postura de:

  1. Prudência, na medida em que a vida é sempre permeável a imprevistos, pelo que não nos cansamos de defender a construção de um fundo para emergências;
  2. Independência, na medida em que o dinheiro nos traz independência e liberdade;
  3. Sucesso, na medida em que a poupança nos permite atingir os objetivos que definimos para nós e para as nossas famílias.

Assim, defendemos que a primeira despesa essencial deve ser a poupança. Se considerarmos a poupança como algo essencial e prioritário iremos fazer todos os possíveis para a tornar uma realidade. E a melhor estratégia passa por:

  • Definir uma transferência automática;
  • No início do mês;
  • Para uma conta independente da nossa conta à ordem.

Quando abordamos a poupança no orçamento, não podemos deixar de chamar a atenção para a poupança para a reforma, uma vez que os valores das reformas estão a cair todos os anos. Logo, defendemos a necessidade de constituir rapidamente um Plano Poupança Reforma para começarmos desde já a acumular para essa fase importante das nossas vidas. Quanto mais cedo começar menor será o esforço que nos é exigido.

Como otimizar o orçamento familiar?

Não somos adeptos da restrição, mas também não somos adeptos do desperdício. Assim, podemos usar o conhecimento que temos das nossas despesas e hábitos para otimizar as despesas e libertar espaço para despesas ou investimento que desejamos. Logo, devemos procurar otimizar o orçamento familiar. Por onde começar?

Despesas com habitação

Com grande probabilidade, as despesas com habitação representam uma fatia importante do seu orçamento familiar. Assim, podemos começar atacando esta despesa, especialmente se tivermos um crédito habitação em curso. Caso tenha um crédito habitação, sugerimos que avalie a possibilidade de negociar com o seu banco uma redução da taxa de juro ou, em alternativa, transferir o crédito para outro banco. Por outro lado, tenha especial atenção aos custos que suporta com o seguro de vida crédito e com o seguro multirriscos, procurando analisar a relação entre o preço e as coberturas / segurança que obtém.

Créditos de curto prazo

Os créditos de curto prazo podem representam um bolo relevante no orçamento familiar, especialmente se tivermos o descoberto da conta ordenado e cartões de crédito. Neste contexto, avalie a possibilidade de consolidar créditos, focando na comparação da taxa média e usando a poupança gerada para eliminar os créditos o mais rápido possível.

Eletricidade e gás

As despesas com eletricidade e gás têm vindo a subir nos últimos tempos. Neste campo, temos de perceber que as campanhas das diversas empresas têm uma duração limitada e se não contactarmos renegociarmos regularmente o contrato acabaremos saindo prejudicados. Assim, sugerimos que contacte o seu operador pelo menos 1 vez por semestre e que procure as campanhas do momento. Avalie a possibilidade de juntar os dois serviços no mesmo operador para obter descontos adicionais. Se precisar de um comparador de preços sugerimos que conheça o Manie!

Telecomunicações

As despesas com telecomunicações são uma fonte importante de desperdício, uma vez que costumamos pagar por diversos serviços que não utilizamos. É verdade que pode existir um período de fidelização, mas as operadoras estão constantemente a negociar com os seus clientes. Opte por descontos e não se contente com a melhoria do serviço.

Questões práticas

A construção de um orçamento familiar, especialmente se feita todos os meses e com muito rigor, acaba por ser um processo… secante? Já reparou, ter de recolher faturas, talões e comprovativos de pagamento, analisar movimentos bancários e outros tantos? Se o processo é demasiado complexo e se consumir demasiado tempo o mais provável e que desistamos rapidamente. Assim, sugerimos:

  1. Fazer um orçamento rigoroso pelo menos 1 vez por semestre;
  2. Analisar as despesas e renegociar os vários contratos;
  3. Constituir ou reforçar o nosso programa de poupanças programadas;
  4. Repetir o processo passados vários meses.

Vai reparar que ao fazer pela primeira vez o seu orçamento gasta demasiado dinheiro em coisas não essenciais. Não defendo que a sua vida não tenha conforto mas antes que ganhe a liberdade financeira para se questionar sobre as suas despesas e hábitos de vida. Aliás, esta é mesmo uma das grandes valias do orçamento familiar. Devolve-lhe a liberdade e torna possível traçar um caminho para atingir os seus objetivos, quaisquer que eles sejam.

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